Dois países tão próximos, mesmo ao lado um do outro, que partilham uma boa parte da história passada e com tantas diferenças, culturais, comportamentais e de presença nas redes sociais.
Não deixemos Portugal para trás
De um modo geral, os espanhóis são bastante mais participativos no mundo das redes sociais do que os portugueses. E, talvez por isso, também são mais de soltar a raiva e o ódio nas mesmas.
Isto não tem somente a ver com o número da população. Sim, é certo que este número tem a sua influência, já que a proporção é de cerca de 10 milhões, para cerca de 45 milhões. Este número acaba por influenciar no momento em que as marcas decidem em que país investir mais. É lógico que se Espanha tem uma maior população, o investimento terá de ser maior. Mas muitas vezes, o mercado/público português cai no esquecimento, como um anexo que está ali, mas no qual não vale muito a pena investir.
Há muitos anos que trabalho para o mercado português, estando em Espanha, mais precisamente em Barcelona, que também acaba por ser outro mundo, com hábitos diferentes. Mas agora falarei apenas em Espanha e Portugal, pois o resto pode dar pano para mangas. Isto para dizer que a maioria das marcas com as quais já trabalhei têm as suas centrais em Espanha e depois abrangem também o mercado português. Mercado ao qual dão menos importância e no qual investem menos dinheiro e tempo. Não querendo cair na tendenciosidade, na minha opinião, isto pode ser um erro, pois cada mercado ou público é único e o seu tratamento não deve ser baseado somente num número, se não em muitos mais dados e características. E hoje em dia, se não se investe nas redes sociais não vai haver resultados e crescimento.
Os portugueses tratam bem as marcas
Um dia, no meio de uma apresentação de um relatório de redes sociais, perante os resultados, o cliente comentou que os portugueses são muito agradecidos. Devo ser sincera e confessar que nunca entendi muito bem o que queria dizer com aquele comentário. Que nós, os portugueses, dizemos demasiados “obrigados”? Que somos bem-educados? Que nos portamos bem nas redes sociais? Talvez tenha acontecido um momento “lost in translation”, mas acho que o que queria dizer era mesmo isso, somos fãs que não dão um feedback muito negativo, que tratam bem as marcas.
Um dos motivos para isto pode ser a formalidade dos portugueses, pode parecer que não, mas o tratamento por você ou por tu pode ter muita influência naquilo que se diz. O “tu” implica confiança, o “você” implica uma maior distância. É óbvio que a educação e o respeito nada têm a ver com isto, mas de facto, a linguagem tem uma grande importância e no nosso comportamento.
Twitter sim, mas pouco
Outra grande diferença que senti nas redes sociais entre os dois países é que o Twitter tem muito mais importância em Espanha. Existe uma proporção maior de utilizadores comuns em Espanha do que em Portugal (50% Espanha; 22% Portugal), e quando digo comuns, falo da maioria da população, pois em Portugal, a maioria dos utilizadores de Twitter são os famosos.
As redes que usamos mais
Falemos agora de temas mais quantitativos. Atualmente, em Espanha, existe uma média de 40,9 milhões de utilizadores (89% da população total), enquanto em Portugal o número é de 4,9 (47% da população total).
A evolução do WhatsApp
A rede mais usada pela maioria destes utilizadores é o Facebook (portugueses 96%; espanhóis 91%). A segunda e terceira redes mais usadas são diferentes para Portugal e Espanha. Os espanhóis utilizam muito mais o WhatsApp do que os portugueses (uma relação de 89% para 48%), sendo esta a segunda rede mais usada em Espanha. Por experiência própria, ainda me lembro de, quando fui de férias a Portugal no verão de 2012, dizer aos meus amigos para usarem o WhatsApp e houve muita resistência. Diziam-me que não tinha nenhuma vantagem relativamente ao Messenger do Facebook, ao Viber ou mesmo ao Skype. Sim, não deixavam de ter razão e eu não tinha nenhum argumento para além de: “Mas é que em Espanha toda a gente usa, é como nos comunicamos!”. Não os convenci. Foi somente passado um ou dois anos que começaram a usá-la e hoje em dia toda a gente a tem no telemóvel. Por esta razão, o WhatsApp é a terceira rede social mais usada em Portugal, sendo a segunda o Instagram (portugueses 50%; espanhóis 45%). Em Espanha, a terceira rede é o Youtube (portugueses 46%; espanhóis 71%).
O que é que gostamos de fazer nas redes?
O que é que os portugueses e os espanhóis mais fazem nas redes sociais? Os primeiros partilham informação pessoal (90%), enviam mensagens (71,5%) e vêem vídeos (67%). Os espanhóis, por sua vez, também enviam mensagens (67%), também vêem vídeos (59%) e em vez de partilharem informação pessoal, que também o fazem mas em menor percentagem, vêem o que fazem os seus contactos.
É curioso ver que aquilo que os portugueses mais fazem é partilhar informação pessoal, já que não somos conhecidos como um povo demasiado aberto. Talvez a razão seja mais porque toda gente gosta de mostrar que tem uma vida maravilhosa, que viaja, que se diverte muito, etc. Outro tema que merece estudo e artigos é o comportamento do ser humano nas redes sociais: a vida perfeita que gostaria de ter, e que muitas vezes não é a real, vive-a nessas mesmas redes. Eu digo sempre: Quem vê Facebooks, não vê corações.
E também por estes resultados podemos deduzir que os espanhóis são ligeiramente mais voyeurs do que os portugueses. Isto já se tinha notado pela quantidade de anos que o reality show Big Brother continua a dar em Espanha (18?), sendo que em Portugal houve apenas quatro temporadas e já quase ninguém viu a última.
Quanto ao dispositivo usado para aceder às redes, ambas as nacionalidades usam mais o telemóvel, depois o computador e em terceiro lugar a tablet.
Finalmente, os utilizadores espanhóis passam mais tempo do seu dia nas redes sociais (160 minutos) do que os portugueses (104 minutos).
Mais apoio para Portugal!
Estas são algumas diferenças e também coisas em comum entre os dois países. As causas podem ser muitas, como por exemplo, a facilidade ou dificuldade de acesso às tecnologias e aos dispositivos. A meu ver, a causa principal, é na verdade, o comportamento cultural existente prévio ao aparecimento das redes e que depois acaba por se refletir nas mesmas.
Tendo consciência disto, seja em relação a estas duas nacionalidades ou outras, quando se gere a mesma marca em vários países, o melhor é ter em consideração o comportamento de cada país, e tentar que o conteúdo, estratégias e investimentos sejam os mais adequados a cada nacionalidade e cultura.
ADAPTACIÓN AL ESPAÑOL:
Portugal y España; dos países tan próximos, uno al lado del otro, que comparten una buena parte de su historia y, a la vez, tienen tantas diferencias. Ya sean culturales, conductuales o, en este caso, de presencia en redes sociales.
No dejemos de lado a Portugal
Generalmente, los españoles participan bastante más en el mundo de las redes sociales que los portugueses. Tal vez por eso también sueltan más rabia y odio en las mismas.
Aunque esto no tiene solamente que ver con el tamaño de la población. La diferencia de los 10 millones de habitantes de Portugal contra los 45 millones de España, en cierta manera influye. Por eso este número termina afectando cuando las marcas deciden por qué país apostar. Es lógico que, si España tiene una población más grande, la inversión tiene que ser más alta. El problema es que, muchas veces, el mercado portugués cae en el olvido, como un anexo que está allí y al cual no vale demasiado la pena dar apoyo.
Vivo en Barcelona y llevo algunos años trabajando para el mercado portugués desde España. Sus costumbres y tradiciones, tan distintas a la nuestras, me dan la sensación de estar en otro mundo. Mi experiencia en este sector me indica que la mayor parte de marcas tienen sus centrales en España y, aunque tengan también su sede en Portugal, tienden a dar menos importancia a esta audiencia, invirtiendo menos tiempo y, porcentualmente, muchísimo menos dinero.
Sin querer ser tendenciosa, no puedo evitar decir que se trata de un error, pues cada público es único y su tratamiento no debe basarse solamente en un número, sino en todos los datos y características que los representan. Hoy en día, si no se invierte en redes sociales es imposible obtener resultados y crecimiento.
Los portugueses tratamos bien a las marcas
Recuerdo un día que, en plena presentación de un informe de redes sociales, ante los resultados, el cliente comentó que los portugueses somos muy agradecidos. Debo ser sincera y confesar que nunca entendí muy bien a qué se refería con aquel comentario. ¿Que nosotros, los portugueses, damos demasiadas veces las gracias? ¿Que estamos bien educados? ¿Que nos comportamos bien en las redes sociales? Tal vez se tratase de un ‘lost in translation’, pero creo que lo que quería decir era justamente eso, que somos fans que no damos un feedback negativo, que tratamos bien a las marcas.
Esto, posiblemente, se debe a la formalidad de los portugueses. Parece que no, pero el uso de ‘usted en vez de ‘tú’, puede tener mucha influencia en lo que se dice y en la impresión que damos, dando a entender una mayor o menor formalidad. Es un hecho que el lenguaje tiene una importancia y una gran influencia en nuestro comportamiento general.
Twitter si, pero poco
Otra gran diferencia que noté en las redes sociales es la importancia que tiene Twitter en España.
Si nos centramos en temas más cuantitativos, existe una proporción más alta de usuarios con perfiles “comunes” en el sector español (50%), siendo mayor que en el portugués (22%). Especifico que, cuando digo comunes, hablo de población no famosa, ya que en Portugal la gran mayoría de usuarios que usa Twitter son gente conocida.
Redes que usamos más
Actualmente en España existe una media de 40,9 millones de usuarios que utilizan redes sociales (89% de la población), mientras que en Portugal el total es de 4,9 (47% de la población).
Teniendo en cuenta esto último, la primera posición como red más usada es la misma tanto para España (91%) como para Portugal (96%): Facebook.
Por otro lado, los españoles usan mucho más WhatsApp que los portugueses (89% España y 48% Portugal), siendo esta la segunda red más utilizada en España y quedando YouTube en tercera posición (portugueses 46%; españoles 71%).
La evolución de WhatsApp
El verano de 2012 fui de vacaciones a Portugal. Recuerdo haberles comentado a mis amigos que empezaran a usar Whatsapp, y me encontré mucha resistencia por su parte. Me decían que no tenía ninguna ventaja comparado con Messenger, Viber o incluso Skype.
Había mucha razón en sus palabras. Lo único que pude decir fue “Pero es que en España todos lo utilizan, ¡así es cómo nos comunicamos!”. No los convencí.
Pasados 1 o 2 años empezaron a usarlo, siendo actualmente la tercera red más utilizada del país, después de Instagram (50%)
Supongo que esta es la gracia de las redes sociales: pasan de desconocidas a populares en un santiamén, y al revés también. Un día piensas que jamás usarás WhatsApp y al siguiente es lo único que utilizas para comunicarte.
¿Qué nos gusta hacer en redes?
Los portugueses comparten información personal (90%), envían mensajes (71,5%) y miran vídeos (67%).
Los españoles, por otro lado, también envían mensajes (67%), ven vídeos (59%) y dedican un mayor tiempo a mirar lo que hacen sus contactos, en vez de compartir información personal.
Es curioso ver que aquello que los portugueses hacen con más frecuencia es compartir información personal, ya que no somos conocidos por ser gente demasiado abierta. Tal vez sea porque nos encanta aparentar una vida maravillosa llena de viajes y diversión.
Este es otro tema que merece estudio; el comportamiento del ser humano en las redes sociales. La vida perfecta que nos gustaría tener y que muchas veces no es real, reflejada en esas mismas redes. Yo siempre digo: Quien ve Facebooks, no ve corazones (quien ve cara, no ve corazón)
Y también por estos resultados podemos deducir que los españoles son ligeramente más voyeurs que los portugueses. Esto ya se nota en otros ámbitos. El reality show Big Brother (Gran hermano) lleva emitiéndose en la televisión española desde hace casi 20 años. En Portugal hubo solamente 4 temporadas y prácticamente nadie vio la última.
Finalmente, en cuanto al dispositivo utilizado para acceder a las redes, ambas nacionalidades utilizan más el móvil, después el ordenador y por último la tablet durante 160 minutos al día (España) y 104 minutos (Portugal).
¡Más apoyo para Portugal!
Debido al comportamiento cultural de cada región, existen varias diferencias entre ambos países, aunque también semejanzas, las cuales se acaban viendo reflejadas en las redes sociales.
Sabiendo esto, ya sea en relación a estas dos nacionalidades o a otras, cuando se gestiona la misma marca en diferentes países, lo mejor es tener en consideración el comportamiento de cada país e intentar que el contenido, estrategias e inversión sean conforme a cada nacionalidad y cultura.